A caminhada é um lugar de descoberta do mundo sem sairmos da nossa imaginação. Ficamos dentro dos nossos neurónios a fabricar aventuras, dentro do gesto radical que é a brincadeira, lugar por excelência da transgressão e da utopia.
É também sobre crescer de muitas formas e rodeado de invenções. É sobre ter que inventar brincadeiras para ocupar o tempo. É sobre falas e danças imaginárias. É como mergulhar num livro de aventuras e passar a ser a personagem desse livro, ou entrar dentro da tela de cinema e passar a ser matéria feita de outra realidade.
São danças de brincar para brincar ao crescer. Tudo se mistura quando começamos a brincar, suspendendo o tempo num lugar mágico. E a dançar, podemos misturar todos estes mundos? O que é uma dança puzzle? E uma dança telecomandada? Ou uma dança telepática? Ou uma dança pedra papel ou tesoura? E o que é isto, de sair para explorar o mundo, sem sair do lugar? Que olhos levamos connosco? Ainda aqui estamos?
Como uma caminhada, fomos percorrendo os jogos, sons e imagens da infância, para baralhar o nosso corpo adulto e torná-lo lúdico perante o que é o interior do nosso pensamento, conspirando dentro de nós, para exercermos a nossa utopia predilecta de sonharmos acordados.