Cinemateca teve um ponto de partida: entrevistas a realizadores dos quais destaco Fritz Lang, John Cassavetes, Federico Fellini, Ingmar Bergman e Aki Kaurismäki. Ao invocar o cinema como matéria de trabalho, propus criar uma peça que se possa indiciar como cinematográfica. Ao usar estes discursos/entrevistas, pretendi criar em palco um corpo que se associe à palavra e ao som, criando um universo simbólico e referencial ao cinema. Aqui, o corpo configura-se e desconfigura-se, perante a multiplicidade de imaginários proporcionados pelas palavras dos realizadores escolhidos para integrarem o património desta peça. Estas palavras/entrevistas foram o motor da peça e a torrente emocional onde me ancorei para criar. A sua importância também se reflecte na peça, criando uma paisagem sonora onde co-existem palavra, música e silêncio.
Cinemateca coloca-se entre entrevistado e entrevistador, entre realizador e espectador, propondo-se criar uma ficção possibilitada pela dança.
Criação e Interpretação
Bruno Alexandre
Apoio dramatúrgico
Miguel Lucas Mendes e Tiago Rodrigues
Sonoplastia e música
Miguel Lucas Mendes
Desenho de luz
Pedro Santiago Cal
Interessou-me pesquisar o lado mais emocional do cinema, do choro e do riso, do grito e do suicídio ou do êxtase e do júbilo. Ao confrontar-me com estas hipóteses, que tanto estão do lado do espectador como do realizador, assumi uma escolha musical que se possa referir como épica, com o intuito de me imiscuir num contexto emotivo do qual não posso escapar.
O desenho de luz da peça invoca tanto uma ideia de invisibilidade (o que está por detrás da imagem) como de visibilidade (o que foi escolhido mostrar), convocando para o palco a possibilidade ficcionada de estar a fazer cinema. Cinemateca coloca-se entre entrevistado e entrevistador, entre realizador e espectador, propondo-se criar uma ficção possibilitada pela dança.
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